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· Artigos do Autor: Maria Paula T. Q. Barros Pinto · Com o Critério: Todas as Palavras	· Data de Publicação: Todas as Edições

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226. O Pedido	19-03-2010 10:55:00
Maria Paula T. Q. Barros Pinto O grande dia aproximava-se. A única filha ia casar e não podia estar mais agitado. Afinal tudo estaria sobre a sua alçada, a tonta da ex-mulher não teria capacidade para organizar nada.Mas antes, antes do casamento ainda haveria o pedido, a apresentação das famílias e, apesar de já se...
227. As alianças	16-04-2010 10:37:00
Maria Paula T. Q. Barros Pinto No ateliê a luz do fim do dia escoava-se lentamente pela enorme janela que ocupava toda a parede, absorvendo as várias luzes do dia: a frescura da manhã, a amenidade da tarde, e a luminosidade do ocaso, que neste momento prestava tonalidades misteriosas e reflexos dourados às diversas peças arrumadas em prateleiras à espera de serem embaladas para o seu destino: exposições, lojas nacionais, no estrangeiro, connaisseurs, marchands de arte, galerias de arte… As ceramistas estavam de saída, umas a arrumarem os materiais, outras a darem os últimos retoques, e...
228. Na polícia de Toronto (XLIV)	26-10-2012 10:39:00
Maria Paula T Q Barros Pinto Esperou que o tempo escorresse, sempre em cuidado, com a carta a ferver num dos bolsos das calças, a queimar-lhe a pele, como uma ferida exposta. Sentia-se atordoada, tinha vontade de morrer. Não! Manter a compostura. Não podia falhar. Sabia que a Luisinha a tinha debaixo de olho. Instintivamente, observava-a. À espera que a mãe falhasse. Não por mal, não porque não a amasse, mas para consolidar a confiança abalada. Quase. Queria a mãe de outrora. Tinha visto a mãe nos braços de um estranho, a mãe bêbada… Queria a mãe dela, a verdadeira. E ela tinha de provar que ainda era essa mãe. Não podia falhar, repetia para si. As mães são fortes. “Meu Deus, dai-me forças para ser a mãe destas filhas!”, suplicava mentalmente com todo o fervor. E...
229. Renascer (L)	07-12-2012 12:24:00
Maria Paula T. Q. Barros Pinto Aos poucos as memórias iam visitando a cabeça do Afonso. Muito de leve, levemente, não querendo ferir uma ainda tão frágil compostura. Era tudo muito ténue, vinham enubladas e entravam com pezinhos de lã. Eram memórias sensíveis, não queriam invadir de repente um cérebro dolorido e frágil. O Afonso ia ficando consciente. Finalmente. Percebia que elas entravam de mansinho para não o perturbar e sentiu-se grato. Não sabia porque estava naquela casa estranha, nem tão pouco o que fazia ali no meio de energias, correntes espirituais, vozes sussurrantes e mistérios.Lembrava-se de ter ido ao encontro dos mafiosos no hotel George V, em Paris. De o terem espancado e ...
230. A nuvem (XLVIII)	23-11-2012 14:58:00
Maria Paula T. Q. Barros Pinto Havia dias assim, só lhe apetecia chorar… de tristeza mas sem estar triste. Quando o Afonso se ausentava, e mesmo acreditando que estava seguro, uma nuvem densa descia sobre o seu ser e enublava-lhe o espírito, envolvendo-a em mágoas antigas que não sabia explicar.Seria por não ter conhecido os pais? Mas o avô sueco e a avó Bina desfaziam-se em doçura para que na...
231. A bofetada (XLIX)	30-11-2012 14:27:00
Maria Paula. T. Q. Barros Pinto (Continuação de "Arremedo de um policial") Dói-me a cabeça, arranquem-me a cabeça se gostam de mim. Fazer de conta que não tenho cabeça? Não posso, ela não me deixa. Pesa-me, aperta-me como um torno, domina-me.Seriam as palavras? O feitiço das palavras e… a dor de cabeça. Foi assim que cometi o crime. Eu não ...
232. A fera	29-04-2010 15:49:00
Maria Paula T Q Barros Pinto A tia de Braga estava preocupada. A sobrinha era difícil, tinha um feitio insuportável, havia que casá-la e depressa.Já com ela tinham feito o mesmo, arranjaram-lhe um casamento de conveniência e não se tinha dado nad...
233. A francesa diabólica (XXXVII)	20-07-2012 12:20:00
Maria Paula T. Q. Barros Pinto A francesa diabólica caminhava no escuro mas uma certeza tinha: não podia perder. Antes a morte do que libertá-lo. O sentimento de posse dominava-lhe a razão e contaminava até o ar que se respirava na casa doente.Era uma casa doente, sem dúvida: as portas gemiam assim como as tábuas do soalho. Um espírito do mal...
234. A francesa diabólica II (XXXVIII)	27-07-2012 12:26:00
Maria Paula T Q Barros Pinto (Continuação de "Arremedo de um policial") A noite caía e os pensamentos também. As horas fugiam, ora lhe parecia muito depressa, ora lentamente, a pesar todos os atos e contrições. Por vezes parecia-lhe que o espírito a abandonava e vagueava pela casa doente, também ele doente: entrava no quarto do homem que permanecia entre este mundo e o outro e vigiava-o, não fosse o espírito dele escapulir-se por qualquer fresta da janela ou das frinchas da porta. Sem o espírito o homem não lhe valia de nada, era como ter um boneco em forma e tamanho humanos. Não correra tantos riscos para chegar ao ponto zero. Quando o espírito a abandonava talvez se encontrasse com o espírito do homem e negociassem. Seria mais fácil o entendimento entre os espíritos do que entre os seus corpos? Alma e matéria nos pratos da balança. E quem mediaria as consciências e as consequências? Onde andaria o espírito superior que abandonava a casa à sua sorte? A mosca estúpida parara de a importunar. Andava a medir forças com a aranha que tecia teias atrás ...

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